Evento realizado pela Prefeitura é o maior da história em número de inscritos.
Os educadores que estão participando do VI Fórum Internacional de Educação têm acesso a conteúdos de qualidade, que contribuem diretamente com a formação docente. E além de palestras e workshops com temas mais técnicos, estão aproveitando conversas inspiradoras com um dos mais influentes pensadores da atualidade, como o historiador Leandro Karnal. Esta edição é a maior da história de Marau, com 1.200 inscrições realizadas.
Com o tema “O papel do Educador perante a diversidade que é intrínseca ao contexto escolar”, o Professor Doutor Leandro Karnal subiu ao palco no Ginásio do colégio Gabriel Taborin e encantou os milhares de presentes. Nos últimos anos, o professor da Unicamp se tornou um fenômeno de popularidade nas redes sociais e mídias tradicionais ao tratar de maneira didática sobre assuntos de história, política, literatura, costumes e relacionamentos.
Para o Prefeito Iura Kurtz, presente no evento, “essa foi uma oportunidade única de ver pessoalmente esse renomado formador de opinião falando sobre educação e a escola, contribuindo para a discussão mais ampla que permeia todo o evento, falando sobre a diversidade”, ressaltou.
Antes de iniciar sua palestra, o Professor Leandro Karnal conversou com a Coordenação de Comunicação da Prefeitura de Marau.
Qual a relevância de debater o tema diversidade com os Educadores?
Nós professores precisamos constantemente estar em evolução. Estamos enfrentando mudanças ao qual não fomos preparados. O mundo ao qual atuamos profissionalmente não é o mesmo mundo que nos formou, não é o mundo dos aparelhos, das práticas políticas que estiveram na nossa base. Qualquer professor hoje precisa constantemente debater atualização, transformação nas práticas para ficar muito ligado ao mundo que é “líquido”, o mundo que não tem forma e se transforma constantemente. O desafio da diversidade é enorme e vamos enfrentar hoje com esse Encontro Internacional.
Como o senhor vê essa questão da diversidade hoje em nossa sociedade?
O ser humano é diverso. Sempre foi diverso. Ele é diverso em questão de gênero, identidade, capacidade de aprendizado, concepção do mundo. Faz parte do DNA do ser humano e da nossa cultura a diversidade. De uns tempos para cá paramos de negar a diversidade, paramos de achar que ela é um desvio, paramos de achar que o que é diverso é ruim. Dentro dos padrões da ética e da lei. Dentro do que prevê regulamento ético e moral a diversidade é bem-vindo. Quanto mais diverso for a pessoa melhor para o grupo.
Hoje temos que ser educado também para a tolerância ativa, não basta eu vencer a intolerância que é inadmissível na lei e na ética, mas também não basta eu ter a tolerância passiva: “você pode ser assim desde que não sente ao meu lado”, a tolerância ativa diz outra coisa: “nós precisamos da diferença, sem a diferença não conseguimos pensar o todo”, essa tolerância ativa é uma novidade que nós professores estamos enfrentando como toda sociedade brasileira.
Atualmente existe muito ódio, especialmente nas redes sociais. Como o senhor analisa o atual cenário nacional, inclusive pelo fato de neste ano termos eleições presidenciais?
Nós temos o momento exato de polarização que de alguma forma começa em 2013 e cresceu de uns anos para cá, e não é a primeira vez que acontece no Brasil. Tivemos a primeira vez entre 1961 e 1964, mas hoje há uma grande novidade. A rede social omite a pessoas por sua vez. Ela se manifesta através de um apelido, um avatar, uma figura, e graças a isso pessoas que antes não se expressavam, agora começaram a se expressar. Então diminuindo a presença do “meu eu real”, as redes sociais possibilitam que ódios muito contínuos, tudo aquilo que ataca a outra pessoa, significa que mexe com minha segurança, não quer dizer que a pessoa seja cheia de ódio, mas sim que ela encontrou através daquele canal uma maneira de expressar o que a pessoa discorda no mundo. Preconceito, estereótipos.... O processo de ataque é sinal de medo e insegurança. Raramente estou atacando o outro, normalmente estou atacando um medo meu. Nós precisamos descobrir que as palavras matam. É primeiro preciso construir um preconceito como foi feito com os Judeus no século XIX para depois um holocausto. Se estimula um preconceito e estereótipo sobre homossexuais, negros, judeus, é o primeiro passo para violência real, por isso a sala de aula deve ser sempre uma barreira contra o ódio e o preconceito.
Além de Karnal, o Fórum tem outras grandes programações, que se estende até sexta-feira (20). Ao todo, serão 25 atividades. A agenda completa pode ser obtida clicando aqui.